quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Regresso a novo ano lectivo com velhos problemas!

Mais um ano lectivo à porta e as histórias repetem-se ano após ano. Concluído o 9º ano na Escola EB 2,3 de Pataias é chegado o momento de fazer escolhas em relação ao futuro escolar de cada aluno. A implementação de aulas a partir do 9º ano ou a criação de uma rede de transportes públicos decente – que garanta a transição para as escolas de Alcobaça – poderiam dar como terminada esta “novela”. Ano após ano, os alunos e encarregados de educação do Norte do concelho de Alcobaça esperam... e desesperam!


Beatriz Moniz tem 15 anos e reside em Alpedriz. O primeiro contacto com a escola foi mantido na Escola Primária de Alpedriz, seguindo-se a transição para a Escola EB 2,3 de Pataias, a partir do 5º ano. Durante quatro anos reforçou laços amistosos com alguns colegas, aumentou o círculo de amigos, adaptou-se ao método de ensino do estabelecimento de Pataias e aos professores que ali fazem carreira. O pessoal da secretaria, as auxiliares e restantes funcionários já faziam parte da sua “família”.

Concluído o 9º ano chegou a época de tomar decisões: qual o rumo escolar a tomar? As opções eram mais que muitas e algumas delas bastante aliciantes. Contudo, na hora de escolher, Beatriz Moniz optou rumar à cidade de Cister, onde irá frequentar o curso de Ciências e Tecnologias na Escola D. Inês de Castro.

Volvidos quatro anos sobre a transição da pequena escola de Alpedriz para a escola “dos grandes” em Pataias, Beatriz Moniz ainda recorda os sentimentos trazidos por essa nova fase da sua vida. Agora está a braços com uma nova mudança na sua vida e volta a sentir-se “intimidada”. “A minha turma do 9º ano separou-se por completo. Os colegas e professores que estava habituada a ver quase todos os dias vão deixar de estar presentes na minha vida”, confessa.

Entre as Escolas Calazans Duarte e Pinhal do Rei (Marinha Grande), Externato D. Fuas Roupinho (Nazaré) e o Instituto Educativo do Juncal, as opções são inúmeras e aliciantes, quer ao nível de oferta de cursos quer de funcionalidade da rede de transportes colectivos ou privados (como é o caso do Instituto do Juncal). Poucos são os alunos que decidem da mesma forma que Beatriz Moniz: Alcobaça e as suas Escolas não conquistam os alunos do Norte do concelho de Alcobaça, sobretudo pela falta de transportes públicos em horários que se compatibilizem com a causa. E é neste aspecto que a vida de Beatriz Moniz vai “mudar bastante”. Para ir para Pataias, a aluna apanhava um autocarro às 8,15h; agora tem que levantar-se uma hora mais cedo para conseguir chegar a tempo da primeira aula.

O facto de deixar uma “pequena vila onde todos se conhecem” em troca de uma “grande cidade” também deixa a jovem pouco à vontade. Os pais já deram os habituais conselhos e fizeram as respectivas recomendações. Mas, tudo vai ser diferente. “Se houvesse até ao 12º ano em Pataias era mais fácil”, conclui a jovem que espera que esta já seja uma realidade para os seus dois irmãos mais novos.

A questão de falta de transportes já não é nova. Há mais de duas décadas que a falta de ligações rodoviárias entre Alcobaça e o Norte do concelho afasta os alunos das escolas da cidade de Cister. O assunto tem sido abordado com frequência nas reuniões de Câmara, sem contudo serem verificadas alterações ou melhorias.

Valter Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia de Pataias, garante que necessidade da criação do ensino secundário em Pataias já foi discutido diversas vezes com a vereadora da Educação, Mónica Baptista, e o Conselho Executivo da EB 2,3 de Pataias, “que tem feito um excelente trabalho”. Concordando com essa necessidade, Valter Ribeiro remete o assunto para depois de concluído o Centro Escolar de Pataias, “que irá atrair mais alunos para a vila”, o que dará base para uma nova e mais consistente apresentação do assunto à Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo. Por enquanto, o “número de alunos que concluem o 9º ano em Pataias não dá consistência aos nossos pedidos”.

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